A cupinização institucional explicada em podcast

“A cupinização institucional para chegar à quebra das estruturas postas para garantir os direitos humanos, aí incluídos os direitos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.” Estas são palavras da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, nos julgamentos da Pauta Verde no primeiro semestre, descrevendo o fenômeno que corrói as estruturas de defesa aos direitos básicos no Brasil. Essa fala da juíza está no primeiro episódio da segunda temporada do podcast de ciência e meio ambiente da revista piauí. A Terra é redonda (mesmo) estreou nesta semana e é realizado em parceria com o Instituto Talanoa, do qual a POLÍTICA POR INTEIRO faz parte.

O primeiro episódio recebeu o título justamente de Os cupins. Nele, a presidente da Talanoa, Natalie Unterstell, conta sobre como a POLÍTICA POR INTEIRO surgiu para monitorar avanços ou retrocessos nas políticas de clima e meio ambiente, captando e interpretando sinais emanados tanto em atos públicos como em discursos e outras manifestações de autoridades e setores da sociedade.

 

A terra é redonda (mesmo), uma parceria da Talanoa com a revista piauí

A segunda temporada do podcast de ciência e meio ambiente da revista piauí será dedicada à agenda climática e eleitoral. Com episódios novos a toda terça-feira, A terra é redonda (mesmo) é um convite para que os eleitores brasileiros acompanhem a campanha eleitoral sob uma ótica específica, que envolve a emergência climática, suas causas e medidas de enfrentamento para garantir um futuro próspero, inclusivo e sustentável.

A série de entrevistas é uma coprodução do Instituto Talanoa, um dos idealizadores da iniciativa Clima & Desenvolvimento: Visões para o Brasil 2030. Os temas envolvendo economia, mudanças climáticas e, principalmente, transição para economia de baixo carbono – que são debatidos com profundidade no âmbito do projeto desde 2021 – serão contemplados na série de oito episódios do “Terra”. Mais do que inspirar a reflexão sobre os grandes desafios brasileiros para a agenda econômica e climática da próxima década, alguns dos especialistas envolvidos na articulação vão emprestar suas vozes para propor políticas públicas capazes de resolver os impasses brasileiros. Tudo orientado pela ciência. “Eu acho muito importante trazer para os ouvintes a voz da ciência e o papel das políticas públicas para a gente ter um futuro mais sustentável. Para que a gente possa, em certa medida, promover um voto baseado em evidências em outubro”, ressalta Bernardo Esteves, repórter de ciência e meio ambiente da piauí e apresentador do Terra.

Entre os temas contemplados estão as ameaças e a violência na Amazônia, os impactos que as políticas ambientais têm para o planeta, o modelo de agronegócio e os padrões de consumo, os desafios que a Brasil precisa driblar internamente e, principalmente, como administrar os efeitos da crise climática, criar oportunidades e assumir a liderança nesta agenda global. Não por acaso, o programa está sendo lançado antes das eleições e será transmitido ao longo da campanha eleitoral, para discutir propostas que os próximos governantes devem adotar para lidar com esses desafios e que os eleitores devem ter em mente na hora de apertar o verde na urna.

Um dos objetivos de investir na comunicação de massa é traduzir os efeitos da crise climática mundial para a população. “É muito importante que os cidadãos e cidadãs brasileiros compreendam que as mudanças climáticas têm a ver com o preço dos alimentos, com o valor da conta de luz, com a qualidade do ar que respiramos e com a alteração das temperaturas e dos regimes de chuva que vêm acontecendo nos últimos anos e que impactam enormemente o nosso bem-estar e qualidade de vida”, afirma Teresa Liporace, diretora de programas do Instituto Clima e Sociedade (iCS), que conduz a iniciativa Clima e Desenvolvimento. “O processo eleitoral nos abre uma grande oportunidade para colocarmos os temas sobre mitigação e adaptação das mudanças climáticas no debate que acontece nos palanques, nas redes sociais, e na vida real de cada brasileiro”, completa.

Para enaltecer a agenda ambiental, a segunda temporada ganhou a contribuição de Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, que faz companhia a Bernardo Esteves comentando todos os assuntos. “Desde 2021, temos criado conexões de alto impacto, reunindo grandes lideranças de diversos setores econômicos, acadêmicos e lideranças comunitárias para projetar caminhos para a descarbonização do Brasil. Agora vamos ampliar essas vozes para toda sociedade brasileira em um momento mais oportuno do que o período eleitoral”, defende Unterstell. “Os brasileiros estão muito cansados e com vontade de virar a página desses últimos anos. Mas essa virada de página não pode ser um cheque em branco que vai ser dado para qualquer outro governante, então é muito importante a gente acompanhar nesse período eleitoral as discussões, as campanhas, as propostas e fazer provocações”, conclui. O Instituto Talanoa é um think tank brasileiro dedicado a ativar a sociedade brasileira para responder à emergência climática e aos seus impactos socioambientais, com ideias e tecnologias do nosso tempo.

Representantes das organizações que compõem a iniciativa destacam o propósito e o entusiasmo envolvendo a produção do material jornalístico em tempos de eleição. Confira:

Nossa expectativa é que esse ano seja a primeira eleição em que o debate sobre o clima será priorizado. Não apenas por toda crise que está acontecendo na Amazônia afetando a nossa política internacional, mas porque também finalmente estamos conseguindo através dessas iniciativas como do podcast que opinião pública se conscientize que aquecimento global é um problema sobretudo social. Guilherme Syrkis, diretor Executivo do Centro Brasil no Clima (CBC)

Os jornalistas têm uma responsabilidade, em especial no período eleitoral e nesse momento de crise climática que o mundo está vivendo. É importante a imprensa traduzir muito claramente o que tem acontecido nas cidades, trazer dados, estatísticas; mostrar o que tem acontecido com chuvas e calor extremo, falta de infraestrutura e a responsabilidade dos governos dos municípios. A pauta contra o racismo ambiental precisa ter a centralidade do debate, o combate a todas as formas de opressão na maioria da população, que é o povo negro. E essa pauta é importante pra vida, pra saúde, pra educação, pra qualidade de vida das pessoas nos seus territórios. O enfrentamento dessa crise passa por entender quem são essas pessoas que sofrem primeiro quando acontecem os eventos extremos de crise climática. O papel da imprensa é urgente para escancarar isso e esperar um comprometimento e engajamento desses candidatos para que isso seja central em qualquer plano de governo. Mariana Belmont, diretora de Clima e Cidade do Instituto de Referência Negra Peregum

O meio ambiente ganha importância crescente na pauta eleitoral. O brasileiro reconhece o valor de seu patrimônio natural e a necessidade de manter a floresta de pé. Precisamos mostrar como, além de evitar uma crise climática planetária, a conservação da Amazônia pode ser benéfica para nossa economia e nos alçar à condição de potência verde. Não existe antagonismo entre a produção agropecuária e o cuidado com a natureza. Rachel Biderman, co-facilitadora da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura

Destacamos que as eleições brasileiras deste ano terão impactos políticos e ambientais para todo mundo. Nós nos posicionamos contra o atual projeto de destruição da natureza e das comunidades tradicionais refletidos no atual governo e defendemos agendas políticas que priorizam a justiça socioambiental e oferecem soluções sustentáveis para conservação e restauração do meio ambiente. Alexandre Prado, responsável por Mudanças Climáticas no WWF-BR

O Brasil é o país que pode oferecer, no equacionamento de desenvolvimento econômico e desenvolvimento humano, soluções a partir da agenda de mudanças climáticas. A Amazônia tem um papel central para que o país seja mais ambicioso e e competitivo nesse contexto. Votar pela Amazônia, é votar pela reinserção do Brasil na geopolítica climática atual. Alan Rigolo, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas do Instituto Arapyaú e integrante da secretaria-executiva da Uma Concertação pela Amazônia

A construção de soluções mais efetivas para a crise civilizatória que estamos vivendo passa por colocar a agenda climática no centro do debate político. É urgente que sejam consideradas perspectivas mais plurais, inclusivas, ecológicas e democráticas para a ideia de desenvolvimento e que ele esteja a serviço das pessoas e da natureza. E não o contrário. Michelle Ferreti, codiretora do Instituto Alziras

Como essa questão de mudanças climáticas e os fatores determinantes das emissões na verdade não são apenas uma questão ambiental, mas uma questão econômica, se trata na verdade de discutir uma estratégia de desenvolvimento para o país que seja ao mesmo tempo possível para resolver nossas mazelas, a miséria, a pobreza, proteger o meio ambiente local, ter uma economia retomada de uma forma dinâmica, mas sem poluir a atmosfera e o clima do planeta. Os resultados mostram que é possível conciliar um desenvolvimento harmônico, econômico, social e ambiental com melhor distribuição de renda no país. Emílio La Rovere – Centro Clima

Saiba mais

A primeira temporada do Terra foi ao ar em 2020 com episódios que discutiram temas da atualidade da ciência, com foco no negacionismo científico. O podcast foi eleito o Programa do Ano pela Apple Podcasts. A segunda temporada é uma coprodução do Instituto Talanoa com a piauí, realizada pela Trovão Mídia. A parceria acontece por meio da iniciativa Clima e Desenvolvimento , uma articulação que já reuniu mais de 300 atores para criar cenários e visões de futuro para o Brasil de 2030, tendo como principal ambição a consolidação de uma economia de baixo carbono.

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